DESEJO A TODOS OS MEUS LEITORES BOAS REFLEXÕES!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Como é difícil pensar!

            Uma das primeiras actividades que realizei na disciplina de Projecto Multidisciplinar I foi a elaboração de uma reflexão, aliás esta disciplina centra-se muito na organização do nosso pensamento crítico de forma a construirmos argumentos válidos e justificados.
            À nossa escolha tínhamos, de entre as diversas possibilidades, a seguinte pergunta: “O que é a verdade?”. Esta pergunta pareceu-me ser aquela que mais se relacionava comigo e sobre a qual teria, possivelmente, mais facilidade para escrever. Contudo, a dificuldade não dependia dos temas mas, na verdade, do pensamento crítico. A arte de pensar é bastante mais complexa do inicialmente esperava.


            Ao realizarmos reflexões sobre palavras que nos são triviais achamos que iremos conseguir explicá-las correctamente. Porém, isso não acontece pois os conceitos que nós temos de forma intrínseca na nossa mente são, muitas vezes, difíceis de transpor para o papel. Esta foi a principal dificuldade que encontrei para conseguir responder à pergunta que escolhi.
            A próxima etapa é, sucessivamente, mais complicada, assim como nos degraus da vida! Conforme vamos elaborando um projecto surgem questões sobre todas as premissas apresentadas.            
            Assim, na elaboração da minha reflexão a principal dificuldade prendeu-se com a organização das ideias que tinha em mente e, ao mesmo tempo, com a resposta às questões suscitadas a mim própria. No final, foi importante perceber que as dúvidas que me surgiram colocaram em causa o meu argumento inicial - fizeram-me pensar sobre conceitos do meu quotidiano e descobrir que o meu conceito, neste caso, o conceito de verdade é muito mais do que aquilo que eu tinha em mente.

O que é a verdade?

O conceito de verdade é único?
Desde sempre o Homem encontrou diversas explicações para o que é, de facto, a verdade, tentando conferir-lhe um significado único e imutável mas o problema reside em encontrar um consenso entre a opinião de cada um.
A verdade é, no meu entender, aquilo que cada um quer que seja. Está intimamente ligada às crenças individuais e é, na maioria dos casos, subjectiva porque depende da nossa livre interpretação. Existem casos em que a nossa interpretação é fundamental para aceitarmos uma conclusão, logo, o meu conceito de verdade pode, eventualmente, ser diferente do conceito de verdade do leitor.
Até que ponto podemos justificar uma verdade através da nossa crença?
Acreditar numa teoria é tê-la como verdadeira. Porém, acreditar sem uma análise prévia conduz-nos a uma distorção da própria verdade uma vez que, aceitar uma teoria como comprovada requer conhecimento e reflexão. Só assim, após uma crítica pessoal, conseguimos validar a nossa convicção ou, por outro lado, rejeitá-la. Creio que a crença numa teoria não é condição suficiente para que esta seja verdadeira. Mais, não é condição necessária.
Desta forma, a crença em determinada verdade não é suficiente para a justificar. Contudo, a fé é uma forma de estar na sociedade em que não existe qualquer análise das premissas, considerando-as, a priori, como justificadas. Ou seja, a fé é auto-justificável.
O conceito de verdade é subjectivo. Ele é modelado pelo carácter individual de cada um e pela Sociedade envolvente.
A sociedade em que nos inserimos condiciona o nosso conceito de verdade na medida em que nos leva a aceitar diversas premissas que, efectivamente, nos conduzem a conclusões tidas como verdadeiras. Contudo, fazemo-lo sem analisar as premissas que nos surgem o que nos leva a aceitar como absolutamente verdadeiras as conclusões que delas retirarmos. Ora, será difícil atingirmos uma verdade sem, primeiramente, criticarmos as suas bases, isto é, as premissas que a suportam. Se não analisamos as premissas então, estamos a aceitar uma verdade axiomática – não questionada e tida como autêntica – que nos ajuda a justificar determinada teoria.